1 de outubro de 2009
85% dos proprietários rurais não têm acesso a financiamento
Cerca de 85% dos proprietários rurais paraibanos ficaram longe das operações de crédito bancário, segundo dados do Censo Agropecuário 2006, divulgado, ontem, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Do total dos 167,3 mil estabelecimentos agropecuários registrados em 2006, mais 85% deles não obtiveram financiamentos para o desenvolvimento de suas atividades. Dois fatores dominaram o distanciamento: 41,4% não tinham noções de como operar a linha de crédito enquanto outros 27,7% não tomaram empréstimo por receio de contrair dívidas.
“A combinação de baixa instrução, burocracia bancária, ausência de garantia de política de comercialização da produção, inadimplência e até medo de contrair dívidas afastaram a maioria dos produtores dos bancos. Contudo, sem financiamentos, agricultura paraibana continua ainda rudimentar e com baixo nível tecnológico”, avalia o agronômo do IBGE, José Rinaldo. O censo diz que apenas 25 mil estabelecimentos rurais tomaram algum empréstimo aos bancos em dezembro de 2006.
Segundo os analistas do IBGE, não houve mudanças na estrutura fundiária no Estado entre 1996 e 2006. Mais de 65,8% dos estabelecimentos agropecuários tinham menos de dez hectares, mas detinham somente 8,3% do total da área de 5,6 milhões de hectares enquanto os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares, que representavam 0,2% do total, concentravam 15,6% da área.
“Dez anos depois do último censo Agropecuário, houve poucas mudanças na estrutura fundiária da terra, continuando concentrada com os estabelecimentos de 100 a 1.000 hectares, respondendo por 59% da posse da terra”, detalha Rinaldo ao acrescentar ao lado de grandes estabelecimentos “coexistem um número expressivo de pequenos estabelecimentos”, informou.
Quanto ao rebanho bovino, em dez anos houve estagnação no número de cabeças de gado de 1,3 milhão (-1,1%). Já os galináceos e a pecuária do rebanho de ovinos e caprinos ganharam destaque. O efetivo de galináceos aumentou de 6,8 milhões para 9,4 milhões (38,2% em dez anos) enquanto o efetivo de caprinos chegou a 461,4 mil (14,3%) enquanto o de ovinos permaneceu estável nos dez anos (0,9%) totalizando 442,5 mil cabeças. Já a produção do leite caprino registrou o maior crescimento do censo nos (266%), saltando de 1,2 milhão de litros, em 1996, para 4,4 milhões, em 2006. Já a produção de leite de vaca cresceu menos (28%), mas detém um volume maior (228,7 milhões de litros).
Os números gerais do censo mostram que no período de dez anos (1996-2006) houve crescimento de apenas 14,4% no número de estabelecimentos agropecuários, passando de 146,5 mil para 167,2 mil enquanto o número de pessoas ocupadas no meio rural cresceu menos ainda no período (2,2%), passando de 479,9 mil, em 1996, para 490,2 mil em 2006. Apesar da energia elétrica em dez anos mais que dobrar nos estabelecimentos rurais, passando de 40% para 81%, a energia elétrica não chegava em 2006 a 19% dos estabelecimentos. Com aumento da energia, o censo registra crescimento aos bens de consumo. Cerca de 79% dos estabelecimentos possuíam TV e 75,5% rádio. Uma das novidades na estrutura agropecuária paraibana foi a presença de computadores em 1,7 mil estabelecimentos agropecuários dos quais 678 deles com acesso à internet.
Fonte: Jornal da Paraíba