7 de agosto de 2012

Ministro Mendes Ribeiro completa um ano no cargo



O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, completa seu primeiro ano de gestão e, em entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio, apesar de esquivar-se de falar de política e se auto intitular um técnico, afirma que, se dependesse dele, a senadora Kátia Abreu “viria para o PMDB”.

Mendes Ribeiro projeta a erradicação da febre aftosa no rebanho brasileiro até 2014, além da regionalização da pasta, com representações fortes em diversos estados. No balanço do primeiro quarto do mandato, o ministro fala ainda sobre a aprovação do Código Florestal, a relação da presidente Dilma Rousseff (PT) com o setor ruralista e a entrada de arroz argentino no Rio Grande do Sul.

Jornal do Comércio – Quais foram os principais avanços neste primeiro ano de gestão à frente do Ministério da Agricultura?

Mendes Ribeiro Filho – A máquina está andando bem, tá azeitada, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) passou por um processo de transformação muito grande, eu estou almejando a Conabrás, que será responsável pela regionalização da pasta. Estamos avançando naquilo que precisamos avançar para que a agricultura brasileira possa ter o acréscimo de qualidade necessário. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) internacional já é uma realidade. O genérico veterinário já foi inicialmente aprovado no Congresso Nacional. Quanto à questão do novo Código Florestal, quer queiram, quer não queiram, quer gostem, quer não gostem, tínhamos uma legislação de 1965 e hoje temos um código que protege o produtor. Aquele discurso virulento cessou.

JC – Como Dilma está se relacionando com o setor rural?

Mendes Ribeiro – Hoje, existe um ambiente entre a presidenta Dilma e o setor rural extremamente cordial. Ruralistas não estão de um lado e o governo de outro. Basta citar a criação do Conselho do Agronegócio. O setor ajudará, opinará, dirá o que temos de mudar e qual posição devemos adotar.

JC – O ministro e a senadora Kátia Abreu (PSD) também estão do mesmo lado?

Mendes Ribeiro – Se dependesse de mim, a Kátia viria para o PMDB, já disse isso para ela e para o vice-presidente (da República), Michel Temer (PMDB). A Kátia é um excelente quadro, que tem ajudado uma enormidade e que colaboraria muito com o partido, principalmente por sua capacidade de articulação, como líder que é da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Tenho um carinho muito grande pelo (Carlos) Sperotto (presidente da Farsul) e ele por ela. Nós dois a admiramos e conversamos sobre o apoio que a Kátia tem dado em todos os momentos. Ela tem sido uma grande apoiadora do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sou muito grato a isto.

JC – Como resolver o problema da febre aftosa no rebanho brasileiro?

Mendes Ribeiro – Criaremos um calendário que será determinante para que todos os estados fiquem livres da febre aftosa. A cooperação com os governos da Bolívia e do Paraguai também será fundamental. Temos que tratar o problema avançando 200 quilômetros no território da Bolívia. Precisamos oferecer vacinação, e queremos que o Paraguai passe a se somar a esse esforço para a erradicação.

JC – E por falar em cooperação internacional, como analisa a situação do Mercosul?

Mendes Ribeiro – Fui presidente do Conselho Agrícola da instituição e penso no Mercosul como uma área produtora de grãos que não possuísse fronteiras, mas que estabelecesse políticas agrícolas compatíveis com as suas necessidades. Não conheço os instrumentos da política agrícola da Argentina, mas é inadmissível que eles coloquem o seu arroz no Rio Grande do Sul na época da nossa safra. Isso é um acordo que precisa existir entre os países.

JC – Como está a questão do apoio aos suinocultores?

Mendes Ribeiro – Garantimos a efetivação das medidas anunciadas, como, por exemplo, a prorrogação das dívidas de custeio e investimento; a criação da Linha Especial de Crédito (LEC) de R$ 200 milhões para compra de leitão vivo pelas indústrias a R$ 3,60/kg de leitão vivo; e criação de linha de retenção de matrizes, com limite de R$ 2 milhões por produtor, com até dois anos de prazo. A produção se tornou muito cara pela questão do milho, pela questão da seca e pelo preço do milho com relação ao que ocorreu nos Estados Unidos. Contudo, teremos uma super safra de milho no País, já que a “safrinha” do Centro-Oeste virou “safrão”.

JC – E quais são os principais reforços planejados para a agricultura?

Mendes Ribeiro – Um plano nacional de armazenagem para evitar que se repitam problemas como os enfrentados pelos produtores de Mato Grosso, e um plano de irrigação para evitar as quebras de safra provocadas pela estiagem, como ocorreu, pela terceira vez seguida, no Rio Grande do Sul.

JC – O Plano Safra seria um indutor para melhorias na irrigação?

Mendes Ribeiro – O Plano Safra representa R$ 115 bilhões para que o proprietário possa ter dinheiro para melhorias na irrigação, no armazenamento, e com juro praticamente zero. Isso é uma mudança, uma intensa preocupação com o produtor, que será marcante na política do ministério.

JC – Quando tem início a regionalização ministerial?

Mendes Ribeiro – Queremos apresentar a regionalização do Ministério da Agricultura para as entidades do Estado no próximo dia 20, possivelmente, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). O lançamento oficial do projeto relacionado à política regional para a Agricultura será durante a 35ª Expointer, que será realizada a partir do final deste mês, em Esteio. A iniciativa prevê superintendências regionais, com equipes voltadas para atender às diferentes demandas de produtores rurais em cada região do País. O objetivo é criar mecanismos para melhorar a produtividade e a renda dos produtores, com a adoção de práticas agrícolas mais modernas.

Autor: Edgar Lisboa, de Brasília. Fonte: Jornal do Comércio