22 de novembro de 2012

Produtores rurais fazem protesto por anistia de dívidas



Agricultores da Paraíba promoveram, ontem, um protesto na frente da Assembleia Legislativa, em João Pessoa, e anunciaram uma grande manifestação de todos os agricultores nordestinos em Brasília, no dia cinco de dezembro, para pedir anistia das dívidas à presidenta Dilma Rousseff. No estado, há pelo menos 111 mil pequenos agricultores paraibanos têm dívidas junto ao Banco do Nordeste do Brasil, que superam R$ 1,5 milhão. Jair Pereira Guimarães, presidente da Associação dos Mutuários do Crédito Rural da Paraíba, coordenou o protesto, denunciando que o Banco do Nordeste é o maior responsável pela crise financeira por qual passa o setor agrícola do Brasil. Não há audiência marcada com a presidenta para a data.

De acordo com Jair Pereira, as dívidas dos pequenos agricultores paraibanos giram em torno de R$ 15 mil e R$ 35 mil e que a maioria não tem nenhum recurso para quitar os débitos, com a atual política de cobrança adotada pelo BNB. “O banco descumpre todas as leis que beneficiam os agricultores e omitem informações para a maioria”, denunciou o agricultor. Uma dessas leis, segundo ele, permite que o agricultor com dívidas até R$ 100 mil possa quitar o débito com 15% de seu valor, sem isentar os juros.

Jair Pereira afirmou que muitos agricultores estão falidos e muitos deles ou venderam tudo ou perderam suas terras por falta de pagamento. O próprio agricultor disse ser uma dessas ‘vítimas’ do banco. O agricultor disse que tinha uma dívida de R$ 32 mil e fez a liquidação pagando com 80% de desconto. Para ter liberada escritura da terra, o banco ainda cobrou R$ 19,5 mil, segundo ele, que teria sido paga. No entanto, denunciou, o banco ainda cobrou uma dívida de R$ 45 mil, quando ele teve um infarto ao tomar conhecimento. Atualmente, a dívida está em grau de recursos na Justiça.

Segundo Jair Pereira, a maioria dos agricultores é “analfabeta, diante das regras do banco”. Poucos têm conhecimento exato dos juros adotados pelo banco e desconhecem os próprios direitos no momento de contrair empréstimos ou negociar as dívidas. “Já realizei quase 80 reuniões com os agricultores em toda a Paraíba para tentar orientá-los, mas é difícil”, admitiu o dirigente. A manifestação de ontem, que teve como cenário ossadas de gado, numa representação fiel do que vem ocorrendo no campo por conta da seca, fenômeno também apontado como uma das causas pelo caos no Nordeste.

Fonte: Correio da Paraíba