9 de abril de 2014
Preço de aves se recupera e deve manter alta até julho
O mercado de aves registrou um leve avanço em março, frente a um mês de fevereiro ruim, e os preços tendem a se movimentar mais de abril até julho, principalmente em São Paulo. A oferta está controlada pela quantidade de frangos alojados e a demanda interna deve aumentar em função da Copa do Mundo realizada no Brasil. Em geral, entidades estimam que 2014 seja um ano de alto custo de produção, mas valores melhores para o produtor.
De acordo com o presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA) e da cooperativa de Holambra, Érico Pozzer, o País produziu cerca de 12 milhões de toneladas de frango em 2013 e, para este ano, projeta-se um avanço de 3%. Já no Estado de São Paulo, foram produzidos cerca de 1,35 milhão de toneladas e a estimativa para 2014 é aumentar em 5%.
"O setor de aves tem boas perspectivas, mas entendemos que deveria estar ainda melhor, em vista dos altos preços das demais proteínas animais, como o boi gordo e o suíno. Há espaço para crescer neste ano apesar do custo mais alto de produção, em função da baixa oferta de ração", avalia.
Pozzer explica que de cada 100kg da ração, 90kg é de milho e soja, insumos que sofreram quebra de safra após a estiagem e vem sendo comercializados a preços altos devido à oferta reduzida.
Tanto no Brasil quanto no mercado internacional, esta matéria-prima, tida como de qualidade para o desenvolvimento animal, está em patamares altos. "Duas alternativas para a alimentação das aves seriam o milheto e o sorgo, mas ambos têm produção baixíssima no País", afirma.
Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) na área de aves, Ricardo Santin, o avanço do mercado se deu por uma conjuntura de fatores. "No número de produção, houve um pico de alojamentos em janeiro, que colaborou para a queda do preço no mês seguinte. Além dos elementos de pressão no custo de produção, existe a queda do real frente ao dólar. Isso dá diferença dos preços nas empresas exportadoras", diz o representante da entidade.
O analista de mercado do Cepea, Augusto Maia, complementa ao dizer que o "o calor forte que aconteceu no início do ano, fez com que as aves tivessem dificuldade para ganhar peso, fator que acarreta o aumento na taxa de mortalidade dos animais, logo, redução na oferta".
Um responsável pela integração da Granja Barufi, localizada em São José do Rio Preto, disse ao DCI que os alojamentos são os principais controles do mercado e o bom uso desta técnica deve sustentar os preços até julho.
"Existe uma quantidade de animal bem alojada, capaz de melhorar os preços. No cenário atual, se você tem aumento na procura – movimentado pela quantidade de pessoas que estarão no País para a Copa – e não aumenta sua produção, ocorre um avanço nos preços. Então, acredito que até julho este otimismo se mantenha", diz.
Se há um aumento no consumo de carne abatida, consequentemente, existe uma necessidade maior do animal vivo, fator que impulsiona a movimentação do mercado para os próximos meses, até o segundo semestre.
Um exemplo disso é representado nas projeções da Granja Barufi para este ano: atualmente, existe uma produção de 250 toneladas de aves por dia, para 2014 estima-se um avanço no faturamento, porém, com o mesmo nível de produção. "Não divulgamos uma porcentagem definida, mas a ideia é melhorar a produtividade e ter cortes especiais sobre a mesmo produção do último ano", destaca o responsável.
Fonte: DCI