1 de outubro de 2008
Alternativas para a geração de combustíveis e energia
O primeiro dia de palestras do Conbien 2008 discutiu temas de grande importância para o cenário do Agronegócio. Matérias-primas alternativas como o girassol, o pinhão-manso e a cana de açúcar foram destaque do evento. Confira os principais destaques de cada palestra:
OLEAGINOSAS TRADICIONAIS E ALTERNATIVAS NA PRODUÇÃO DE AGROBIOENERGIA
De acordo com Napoleão E. M. Beltrão, da Embrapa Algodão, é preciso criar novas alternativas de consumo e evitar o desperdício, pois nos próximos dois anos a população aumentará em oito bilhões de pessoas. De acordo com o conferencista é preciso planejamento para evitar o desperdício. Ele citou como exemplo que nos Estados Unidos 60% dos computadores são jogados fora, o que representa um número de 304 milhões de unidades.
Ainda durante o Congresso, Napoleão questionou “Como alimentar sete bilhões de pessoas na Terra?”, segundo ele o grande desafio do século. Uma das alternativas é o planejamento das fazendas para aperfeiçoar a produção. O óleo vegetal é uma das alternativas, mas que segundo ele, antes de pensarmos em Biodiesel, é preciso produzir óleos comestíveis para a população. A produção desse tipo de óleo ainda é menor do que o consumo.
Algumas oleaginosas são as alternativas apresentadas pelo conferencista Renato Roscoe, da Associação Brasileira de Indústria do Biodiesel- ABIOdiesel. De acordo com Renato a soja, algodão, dendê, mamona, girassol, amendoim, canola são oleaginosas que devem ganhar mais espaço na produção de óleo. Comparando todas essas espécies a soja, girassol, dendê e canola são mais utilizados para a produção de óleo comestível. Renato ainda falou que algumas oleaginosas não tradicionais começam a ganhar espaço em algumas propriedades produtoras de biodisel como o Nabo forrageiro, o crambe, o pinhão-manso e a palmeira. Essas variedades têm foco exclusivo na produção do biodiesel.
O USO DA CANA DE AÇÚCAR E A PRODUTIVIDADE DE ÁLCOOL NO BRASIL E NO MUNDO
Segundo Carlos Eduardo Cavalcanti, do Departamento de Biocombustiveis do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), grandes projetos estão surgindo no Triângulo Mineiro, Noroeste de Minas e Mato Grosso do Sul. Mas que de acordo com ele é preciso o financiamento do BNDES para que possam surgir os grandes projetos em produtividade de álcool, desenvolvendo a região.
Quando uma propriedade não esta obtendo lucros, segundo o técnico, é preciso abordar os mecanismos de ajustes. Foram apontadas na palestras pontos de ajustes por Carlos Rodrigo Ópice Leão, da área de Desenvolvimentos de Negócios da BRENCO.
Segundo Carlos Rodrigo, são eles: redução de insumos e custos, redução da colheita, postergação de investimentos, janelas de exportação e queda no preço da cana. Carlos discutiu sobre a concorrência nessa área. De acordo com ele, para o desenvolvimento e melhoria da produtividade é preciso que não exista distância entre a lavoura e a usina, pois isso aumentaria o custo da plantação. Ou seja, é preciso uma vantagem competitiva, uma eficiência operacional para diferenciar o produtor no mercado. A empresa familiar poderá sobreviver, garante o especialista, mas para isso é preciso ter uma visão a longo prazo e gestão profissional. “Um fator que tem aquecido o mercado é que de acordo com Carlos Eduardo está havendo uma alta demanda de recursos humanos em usinas de cana”, concluiu.
INSERÇÃO DO GIRASSOL NAS BIOREFINARIAS
O girassol é considerado uma ótima alternativa de plantio em áreas ociosas na safrinha de milho e soja. A afirmação é de César de Castro da Embrapa. De acordo com o conferencista, o girassol atende a demanda de óleo comestível e pode ser utilizado também na produção de biodiesel, apesar do principal objetivo dessa cultura ser óleo comestível de ótima qualidade.
Segundo Castro, o girassol é uma alternativa econômica para o agronegócio. Ele tem um grande potencial de expansão para a alimentação humana, animal e do biodiesel. Outra vantagem é o alto grau nutricional.
Ainda falando do girassol, Carlos Feoli, da Argentina, informou que é preciso inserir nas refinarias o girassol e a demanda com óleo cresce cerca de 5%. De acordo com Carlos, os óleos mais comuns são o de canola, girassol e soja.
O USO DA CANA-DE-AÇÚCAR E A PRODUTIVIDADE DE ÁLCOOL NO BRASIL E NO MUNDO
Quase 60% da produção de etanol e açúcar no Brasil são produzidas pela empresas associadas à Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), representada por Eduardo Leão de Sousa. De acordo com o palestrante, a empresa tem um faturamento de 40 bilhões de reais sendo que desse total 44% provém do açúcar, 54% etanol e 2% da bioeletricidade.
O setor canavieiro é o quarto setor que mais investe, ficando atrás apenas do petróleo e gás, mineração e siderurgia. O setor tem, portanto, um papel importante na economia. É composto por 380 indústrias, tem cerca de 70 mil fornecedores e gera 810 mil empregos no Brasil.
Segundo Eduardo Leão, o etanol é responsável por substituir 50% do consumo de gasolina no Brasil. Em função disso, hoje 90% dos carros são flex. Eduardo ainda acrescentou que em razão do aumento do número de carros desse tipo, 35 milhões de CO2 deixaram de ser emitidos na atmosfera.
A redução das reservas mundiais de petróleo e a variação do preço dos combustíveis foram apontadas como um dos principais motivos para que a produção do álcool seja incentivada por Márcia Justino Rossini Mutton, da FCAV-UNESP (Faculdades de Ciências Agrárias e Veterinária – Universidade Estadual Paulista). De acordo com Márcia é fundamental diversificar o tipo de energia produzida e também o tipo de matéria prima utilizada. No Brasil, a cana de açúcar tem alta produtividade, o sorgo e mandioca são destaques na China, já a beterraba é destaque na União Européia e o milho é um dos principais produtos nos Estados Unidos. “Novos países estão aumentando a capacidade de produzir etanol”, diz Márcia Mutton.
O etanol é tido como uma das opções para combater o efeito estufa, garante Cleber José Moraes professor da ESALQ/USP. “O etanol ajudará a reduzir o efeito estufa, mas não é a única solução”, afirmou. Ele afirmou que é preciso viabilizar a produção do etanol, mas para isso é preciso observar alguns pontos como planejamento, conhecimento agronômico, preço e logística, saber dos locais dos canaviais, solo, clima e disponibilidade de água. Ao finalizar a participação no CONBIEN 2008 ele afirmou que é pouco provável que a cana atinja áreas extensas devido ao fato de precisar de irrigação e recursos humanos. “Áreas com restrições a cana são boas para a produção de grãos e outras culturas” finalizou.
Fonte: Lead Comunicação