28 de setembro de 2009

Aperfeiçoar mão-de-obra é desafio na produção de leite



Os valores da remuneração ao criador de gado de leite, a competição dos lácteos importados e qualificação da mão-de-obra foram os temas que concentraram as discussões na terceira reunião ordinária realizada pela Comissão Nacional de Bovinocultura de Leite (CNBL) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) este ano. O encontro foi realizado nesta quarta-feira, 16 de setembro, em Brasília. O presidente da CNBL, Rodrigo Alvim, apresentou as conquistas obtidas recentemente para impedir o acesso irrestrito de leite em pó originário da Argentina e do Uruguai e apresentou dados sobre outras conquistas da Comissão para a pecuária de leite brasileira.

 

Além dos relatos sobre as conquistas contra a concorrência de importações desleais, a reunião contou com a apresentação de um estudo sobre o custo da produção no Brasil em comparação com demais países, preparada pelo pesquisador Lorildo Stock, da Embrapa Gado de Leite. Outro destaque foi a forte participação de representantes das Federações Estaduais de Agricultura e Pecuária nesse fórum de discussão, com 12 presenças. Nesse grupo havia três novos representantes das federações estaduais, especializados na pecuária de leite. Com a presença total de 24 participantes, o evento foi realizado durante toda a última quarta-feira.

 

Em relação às importações de lácteos, Alvim destacou as conquistas obtidas na primeira quinzena do mês em relação às compras de leite em pó da Argentina e do Uruguai. Com os argentinos foi aprimorado o acordo que limita as importações a três mil toneladas por mês, tendo como preço praticado pela Nova Zelândia, que foi de US$ 2.854 no mais recente leilão. Em relação ao Uruguai, Alvim explicou que embora não tenha sido firmado acordo com o país vizinho, as importações também serão limitadas a 10 mil toneladas para todo o segundo semestre, conforme decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Alvim afirma que a solução é apenas paliativa, seguindo as alternativas possíveis dentro das regras do comércio internacional, mas dá fôlego ao setor produtivo. Ele destacou que é preciso evitar que o Brasil seja destino de excesso de estoques de terceiros países, principalmente no atual momento de restrição de consumo, que é um reflexo da crise econômica mundial.

 

A palestra de Lorildo Stock, da Embrapa Gado de Leite, mostrou uma comparação dos preços pagos ao produtor pelo leite no Brasil e em outros países. O estudo indica que, pressionado pelo câmbio desfavorável, pelos altos preços dos insumos e também por dificuldades na formação de mão-de-obra, o valor pago ao produtor brasileiro fica em torno de US$ 0,40 por litro, ou seja, mais elevado que valores entre US$ 0,20 e US$ 0,30 por litro, praticados em outros países produtores. Alvim destacou que o câmbio atual é desfavorável, reduzindo a competitividade do leite brasileiro no mercado internacional. Stock indicou que em comparação a outros países, o Brasil tem um custo mais baixo da mão-de-obra; mas em contrapartida citou que os trabalhadores do setor precisam ser mais bem treinados, de forma a ampliar a vantagem comparativa da produção de leite nacional.

 

Embora uma análise inicial indique que o preço pago ao produtor seja elevado na comparação com demais países, a valor não é suficiente para cobrir os custos da atividade. “Embora o preço ao produtor seja um dos maiores do mundo, não está remunerando o produtor”, diz o presidente da CNBL. Em moeda nacional, o preço médio pago pelo litro de leite é de R$ 0,77 por litro, embora o custo de produção oscile entre R$ 0,70 e R$ 0,80 por litro, considerando variações de acordo com diversas regiões do País.

 

Segundo Alvim, a pecuária de leite terá o desafio de alinhar os custos de produção e a remuneração ao produtor a patamares que garantam competitividade em relação aos demais concorrentes internacionais. Na reunião, o presidente da Comissão apresentou também um balanço das atividades e conquistas recentes da CNBL, como o avanço na difusão do contrato padronizado de pagamento de leite por qualidade, a ser firmado entre produtor e indústria.

 

Fonte: CNA