25 de julho de 2012

Instrutores do SENAR-PB participam de treinamento em CG



Instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba e do Rio Grande do Norte tiveram a oportunidade de expandir seus conhecimentos, participando do treinamento de dessalinização, que consiste num processo físico-químico de retirada de sais da água, tornando-a doce e própria para o consumo.

O treinamento “Manutenção e Operação de Dessalinizadores” aconteceu no Laboratório de Referência em Dessalinização (LABDES) do Departamento de Engenharia Química do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no período de 17 a 19 de julho e foi ministrado pelo Prof. Dr. Kepler Borges França, referência mundial em tratamento de águas salinas.

Segundo Oliveiro de Oliveiras, um dos cinco instrutores do SENAR-PB que participaram da atividade, o aprendizado foi valioso. “Este treinamento proporcionou a nós, instrutores, um conhecimento de suma importância para a agropecuária do nosso estado. 70% dos dessalinizadores do país estão danificados por falta de manutenção, então a responsabilidade social é gigante, principalmente para quem faz parte do sistema SENAR”, afirma ele.

Projetos desenvolvidos

Os alunos do treinamento visitaram a cidade de São João do Cariri, onde fica a base experimental de dessalinizadores da UFCG. Lá, puderam acompanhar todo o processo de um dessalinizador, que tem a capacidade de produzir 3 mil litros de água potável por hora.

O chefe do Departamento de Educação Profissional do SENAR-PB, Carlos Alberto Patrício da Silva também acompanhou o treinamento e ficou impressionado com a potencialidade da máquina. “Estes dessalinizadores abastecem uma comunidade de cinco mil pessoas. O mais notável é um projeto relativamente barato e simples e que funciona muito bem”, afirma ele.

Além de fornecer à comunidade de Uruçu água límpida, própria para o consumo, o projeto se expande para área de produção. Através da hidroponia, técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada que contém água (dessalinizada) e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta, é cultivado alface. A técnica tem um rendimento maior da água, já que plantado no solo o alface precisaria consumir mais água para se desenvolver.

Na mesma comunidade, a água dessalinizada é destinada também a um sistema de irrigação por gotejamento, que irriga uma plantação de pimenta. Há ainda, dois tanques abastecidos com a água fortemente salgada que sai do equipamento, diluída em água doce para dar condição à criação de camarão e tilápia e uma estufa que recebe a água salobra para desenvolver a Spirulina, uma espécie de alga que, depois de desidratada, transforma-se em ração animal com alto teor de proteína.

Patrício acredita que é um projeto que deveria ser copiado. “Além de água potável, a produção de alface e pimenta movimenta a economia, já que o primeiro é comercializado em Campina Grande e Natal, enquanto a pimenta é beneficiada na forma de molho e também seca, sendo comercializada em toda a Paraíba e estados vizinhos”, diz.

Investimento pode ser solução

Em ano de estiagem forte como este, o governo federal libera um montante de verba para que os estados atingidos pela seca possam proporcionar soluções à população prejudicada. Uma das medidas é a contratação de carros-pipa, que levam água à comunidade necessitada.

Para Patrício, investir na fabricação de dessalinizadores em todo país seria uma medida inteligente e viável. “Esse projeto em São João do Cariri mostra, claramente, que dessalinizadores podem fornecer muito mais que água potável. Uma máquina dessa custa em média R$ 30 mil, mas funcionando quatro horas diárias ela pode fornecer 360 mil litros de água por mês. Além do mais, não há o desperdício, já que até o que deveria ser jogado fora neste processo, no caso da água salobra, é reutilizada na produção de camarão, por exemplo. É sustentável e ecologicamente correto”, afirma ele.

Dessalinizador, plantação de alface, plantação de pimenta e tanque de criação, respectivamente.  (Para ampliar a imagem clique aqui).

Na Paraíba

Atualmente, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) articula entre estados nordestinos o Programa Água Doce. Estados como a Bahia e o Ceará já receberam cerca de R$ 97 milhões para investir em dessalinizadores.

A Paraíba terá, nos próximos três anos, dessalinizadores novos instalados no estado, com o investimento de R$ 14 milhões do governo federal e estadual. De acordo com o secretário do Estado de Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, João Azevedo, o programa encontra-se em fase de diagnóstico para início da instalação das unidades de dessalinização.

Atualmente o estado possui 21 dessalinizadores e a expectativa é que até 2015 noventa e três novos sejam montados, levando água potável à população de municípios mais carentes.
Assessoria de Comunicação Social FAEPA/SENAR-PB
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