22 de junho de 2009

Lula dá aval para a ajuda ao agronegócio



O governo federal prepara a criação de um fundo garantidor para o
agronegócio, a exemplo de medida adotada recentemente para estimular o
crédito a micro e pequenas empresas. A ideia é que o Banco do Brasil,
que tem tradição na concessão de crédito rural, seja o gestor do fundo.
O valor, ainda em estudo, oscila entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões.Os
ruralistas alegam que a crise internacional e as dívidas agrícolas
acumuladas nos últimos anos frearam novos empréstimos bancários. Assim,
o fundo entraria como uma espécie de avalista para os produtores
endividados.
A proposta surgiu após pleito da CNA (Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil) a ministros da área econômica. Presidente da CNA, a
senadora oposicionista Kátia Abreu (DEM-TO) apresentou a proposta aos
ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo,
e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A senadora tem
boa relação com o comandante do BC.
O governo ficou preocupado com a queda do PIB (Produto Interno Bruto)
do agronegócio no primeiro trimestre deste ano. Houve redução de 0,5%
em relação ao mesmo período de 2008 -nessa mesma comparação, o PIB
geral recuou 1,8%. Desde o início da crise, em outubro de 2008 (quando
a quebra do banco americano Lehman Brothers congelou o mercado de
crédito no mundo todo), o setor do agronegócio acumula perda de 2,26%.
Eleições
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deu o aval
para a criação do fundo. Preocupado em obter uma taxa positiva do PIB
nacional neste ano, o presidente tem estimulado medidas que possam
aquecer a economia. Para Lula, é questão de honra evitar PIB zero ou
negativo. Ele deseja ter discurso contra a oposição para chegar a 2010
com argumentos que lhe permitam defender o seu governo e a eventual
candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência.
O fundo garantiria empréstimos ao setor de agronegócio. Na visão do
governo, não há pressão inflacionária à vista por parte dos alimentos.
A medida seria uma forma de incentivar a safra de 2009/2010 e de evitar
aumento no preço dos alimentos. Na prática, oferecer uma oportunidade
de recursos aos agricultores neste momento é uma forma de colher uma
safra volumosa no ano eleitoral, evitando tensões no setor e reduzindo
pressão sobre os preços.
“Se a empresa ou o agricultor não tiver limite no banco, o fundo
funcionaria como um avalista, um reforço para o banco liberar o
dinheiro e garantir a capitalização da agropecuária”, disse o deputado
federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), um dos líderes da bancada ruralista
no Congresso.
Novos financiamentos
Nessa relação com os bancos, outra preocupação dos ruralistas é com o
grau de risco dos produtores endividados. Eles querem que, em reunião
do CMN (Conselho Monetário Nacional) prevista para ocorrer nesta
semana, o nível de classificação desses produtores (com dívidas
atrasadas ou renegociadas) não seja um empecilho para a captura de
novos financiamentos.
Amanhã (hoje), na cidade paranaense de Londrina, o ministro da
Agricultura, Reinhold Stephanes, e o presidente Lula anunciam o Plano
Agrícola Pecuário 2009/2010. O montante em créditos para o período será
de R$ 93 bilhões, sendo R$ 12,3 bilhões para capital de giro das
agroindústrias.
Com o objetivo de ajudar a agricultura, o governo Lula, a exemplo de
administrações anteriores, já renegociou dívidas dos produtores
agrícolas.

Fonte: CNA