22 de abril de 2009
Lula dá prazo para que recursos cheguem aos produtores
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se no dia 17/4 com ministros para pedir agilidade na liberação dos recursos da linha de crédito para a agroindústria no valor de R$ 10 bilhões aprovada no último dia 16 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O presidente deu o prazo de 60 dias para que os recursos estejam disponíveis aos produtores.
Ao saírem da reunião os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disseram que a grande preocupação de Lula é reduzir o tempo entre a decisão de liberar o recurso e o dinheiro chegar à ponta. O valor servirá para financiamento de capital de giro a agroindústrias, indústrias de máquinas e equipamentos agrícolas e a cooperativas agropecuárias.
“Eu diria que nesse caso o presidente chamou a atenção de todo mundo. Ele quer que as coisas fluam, porque acontecer depois não adianta”, disse Stephanes.
Para atender ao pedido de agilidade do presidente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) irá se articular com o Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia para que os R$ 10 bilhões sejam distribuídos com agilidade.
“O presidente deixou muito claro que não estamos em um período de normalidade, que temos que agir como se estivéssemos em guerra, as coisas tem que ser mais ágeis, temos que ser um pouco mais agressivos no sentido de irrigar a agroindústria”, acrescentou Reinhold Stephanes.
Segundo Paulo Bernardo, os ministros explicaram ao presidente que a liberação de recursos dependia de aprovação de lei pelo Congresso, o que já ocorreu. Aos ministros e técnicos que participaram da reunião, Lula deu o prazo de 60 dias para que recurso esteja disponível aos produtores.
“O presidente estava impaciente porque certamente tem chegado ao gabinete dele algumas reclamações, mas nós explicamos que dependíamos da sanção da lei e o Congresso nos mandou, fizemos a análise rapidamente e agora os bancos vão começar operar”, disse Bernardo.
Além dos R$ 10 bilhões, o CMN também aprovou uma linha de crédito, de R$ 2,3 bilhões, que será destinada a um programa de financiamento para estocagem de álcool e elevou em R$ 300 milhões o volume de recursos do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop). No total, o Conselho liberou R$ 12,6 bilhões para o setor agropecuário.
CRÉDITO AGRADA SETOR
O anúncio das linhas de crédito para a agroindústria, que totalizam R$ 12,6 bilhões e já foram aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi bem recebido pelos representantes do setor. “Essa medida me agrada, porque mostra que o governo federal está preocupado com o setor do agronegócio”, afirmou o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho.
O grande desafio “é fazer o dinheiro chegar aonde precisa chegar”, pois, muitas vezes, o excesso de burocracia dificulta o acesso ao financiamento, ressaltou Ramalho em entrevista, por telefone, à Agência Brasil, enquanto cumpria agende de compromissos no Rio de Janeiro.
Ramalho disse que muitos dos que precisam dos recursos estavam “alavancados” – tinham feito bons investimentos para execução de seus empreendimentos, mas acabaram afetados pela crise financeira internacional. O presidente da SRB destacou que a escassez de crédito tem dificultado sobretudo a situação no setor sucroalcooleiro, que fez grandes investimentos nos últimos anos e agora sofre com a falta de capital de giro.
Segundo Ramalho, houve queda de demanda no mercado externo, atingindo em especial os frigoríficos, onde o recuo no volume exportado ficou em torno de 50%. “Entre os principais compradores que reduziram encomendas está a Rússia. É um dos países que enfrentam mais dificuldades, porque tinha o seu fluxo de caixa apoiado na conta petróleo”, afirmou.
Já a indústria processadora de carne, que tem negócios mais voltados ao mercado interno, não vem enfrentando problema de vendas. De acordo com Ramalho, os ruralistas aguardam com expectativa o anúncio dos recursos destinados ao financiamento da safra 2009/2010 e, apesar dos efeitos da crise, acreditam que possa haver aumento do crédito em torno de 15 a 20%.
Para a economista Amarilis Romano, da empresa Tendências Consultoria Integrada, o crédito anunciado ajudará a minimizar o problema da falta de liquidez no mercado.
Para Amarilis, a eficácia depende da forma como serão distribuídos esses valores. “A oferta de crédito é boa se for dirigida a todos os que necessitam de recursos na área da agroindústria, sem detrimento deste ou daquele segmento”, destacou a economista. Ela disse ainda que as empresas do setor não têm enfrentado queda de demanda no mercado interno.
FONTE: Agência Brasil