7 de maio de 2014

Plano para escoamento da safra



O governo promete que as longas filas de caminhões nos portos brasileiros para a exportação de grãos não voltarão a atormentar os empresários brasileiros em 2014. Após o fiasco do ano passado, em que a carga demorava mais de 10 dias para ser embarcada por força dos congestionamentos, uma força-tarefa foi criada entre os ministérios da Agricultura, dos Transportes, além da Secretaria de portos. Ontem, os chefes das três pastas anunciaram que, após quatro meses de trabalho, 95% dos veículos que chegaram ao terminal de Santos (SP) cumpriram o agendamento prévio para abril.

O ministro dos Transportes, César Borges, comentou que, com a redução nas filas, houve uma baixa média de 10% nos custos de frete. Dados apresentados pelo diretor de Planejamento Estratégico e Controle da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Luís Cláudio Santana Montenegro, mostram que houve recuo no tempo de espera dos veículos nos pátios. Em março de 2013, pico de escoamento da safra, a média de horas paradas era de 10,04, enquanto no mesmo período de 2014 caiu para 6,20 horas.

Perspectivas

"No ano passado, a gente falava em dias. Esse ano a gente fala em horas. Esse é o maior ganho, de custo logístico, de custo Brasil", avaliou Montenegro. Para ele, mesmo com o aumento do tráfego de caminhões nos portos no mês passado, não foi preciso acionar o plano de contingenciamento. "Não houve nenhuma ocorrência de congestionamentos relacionados aos caminhões que desceram em direção ao porto", comentou ele. De janeiro a março, o Porto de Santos registrou o embarque de 3,4 milhões de toneladas de Soja, aumento de 56,6% sobre as 2,17 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2013. "O sucesso do escoamento se deu mais pelo agendamento do que por outras questões", explicou Borges.

Modais

O ministro também avaliou que o uso de ferrovias foi essencial para o escoamento de safra e redução nas filas do porto de Santos. Ele detalhou que a duplicação do trecho de Campinas (SP) a Santos (SP), de responsabilidade da ALL, contribuirá ainda mais para melhorar a exportação de grãos. "O escoamento pela região Norte, feito pelo Porto de Miritituba (PA) também foi importante. A Bunge, recentemente, inaugurou um sistema de transporte de Miritituba a Vila do Conde", comentou.

O ministro da Agricultura, Neri Geller, comentou que o empreendimento fez com que a maior parte da safra fosse escoada pela BR-163 e será ainda mais efetiva com o fim das obras da rodovia. "Esperamos que em 2016 esteja tudo concluído até Santarém (PA). O futuro do escoamento será por essa região", comentou. Na avaliação do ministro dos portos, Antônio Henrique Silveira, o trabalho entre os governos federais, estaduais, municipais e empresas foi essencial. "Esse é o resultado de um trabalho em equipe e teve intensa participação de todos os entes envolvidos, além das companhias", resumiu.

Incertezas nas ferrovias

Vinte meses após o lançamento do Programa de Investimento em Logística (PIL), o governo ainda não tem previsão de quando o leilão para construção do primeiro trecho ferroviário ocorrerá. O ministro dos Transportes, César Borges, comentou que pode fazer mudanças no projeto para a construção da linha de ferro entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte, único projeto que já tinha recebido sinal verde do Tribunal de Contas da União (TCU) para ir a leilão, o que deve atrasar ainda mais o início efetivo do programa. "Está em fase de estudos para poder ir a leilão. Mas só vamos realizá-lo se o interesse do setor privado ficar claro", avaliou. 

Fonte: Correio Braziliense