20 de outubro de 2008

Produção de cabras leiteiras no semi-árido



 

Nos últimos anos, a caprinocultura leiteira vem assumindo importante papel no contexto do agronegócio brasileiro. Atualmente, a produção de cabras leiteiras vem se caracterizando como uma atividade de grande importância cultural, social e econômica para a região, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento do Nordeste.

A região semi-árida nordestina tem vocação natural para a produção animal e, em particular, para a exploração da caprinocultura, sendo que o leite tem alto valor nutritivo e os derivados lácteos têm boa aceitação no mercado (FILHO & ALVES APUD NUNES 2002).

No entanto, atualmente, a produtividade alcançada pelos produtores ainda encontra-se em baixa. O que pode ser considerado como um entrave para a inserção competitiva no mercado nacional de produtos pecuários.

A caprinocultura leiteira vem passando por transformações estruturais e os sistemas produtivos tradicionais deverão emergir em novas formas de organização com enfoque no agronegócio.

Segundo MORAES NETO et al., (2003), a caprinovinocultura representa uma excelente alternativa de trabalho e renda, tendo em vista a produção de alimentos de alto valor biológico (leite, carne e vísceras), bem como de pele de excelente qualidade, além da adaptabilidade dos animais aos ecossistemas locais.

Segundo HOLANDA JÚNIOR (2006), a produção comercial brasileira de leite de cabra está concentrada nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, onde são coletados pelas principais indústrias de processamento cerca de oito mil toneladas de leite de cabra por ano (GUIMARÃES & CORDEIRO, 2003), citados por HOLANDA JÚNIOR (2006).

Na região Nordeste, parte da produção não é enviada para as indústrias especializadas no processamento, sendo destinada ao consumo familiar ou comercializada misturada ao leite de vaca (SIMPLÍCIO & WANDER, 2003).

A comercialização ocorre principalmente na forma de queijo e fluido (leite in natura, resfriado e congelado). Uma parcela expressiva da produção é destinada ao consumo familiar, sendo o restante entregue aos pontos comerciais ou vendido diretamente aos consumidores, com ou sem transformação na propriedade ou em outros laticínios.

A oferta cada vez mais variada de produtos tem exigido maior eficiência de todos aqueles envolvidos na atividade e, nesse sentido, devem ser considerados dois pontos de fundamental importância.

O primeiro ponto é a qualidade aplicada ao leite, referindo-se à sua qualidade higiênica, composição, volume, sazonalidade, nível tecnológico e saúde do rebanho. Os ganhos em eficiência no processamento industrial, aliados às características organolépticas do produto final, fazem com que a qualidade da matéria-prima seja um atributo cada vez mais considerado pelas indústrias de laticínios.

O segundo é a produtividade. A tendência mundial na atividade leiteira é de redução das margens de lucro e os processos de industrialização do leite e distribuição de derivados têm exigido volumes crescentes. Maior produtividade diminui o capital investido por litro de leite produzido, reduzindo o custo e, conseqüentemente, aumentando o lucro.

Segundo BORGES & BRESSLAU (2002), antecipar estas tendências e adequar-se da melhor forma possível pode significar a sobrevivência do produtor, que deve buscar a especialização na produção de leite para melhor aproveitamento dos fatores de produção como, capital, terra e trabalho e aumento da produtividade do rebanho e do volume de produção.

Acredita-se que a caprinocultura leiteira, modelada em planos estratégicos, visando ao seu fortalecimento e à sua ampla expansão, apresentar-se-á como um instrumento capaz de contribuir de forma significativa, a alcançar os objetivos das políticas de Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil. Mas, para tanto, precisa-se de ações corretas e atitudes dignas, desde a parte governamental até o criador e, também, de uma forte união entre todos os setores competentes, pois, só assim, poderá contribuir para um futuro melhor e um milênio sem fome.

 

Fonte: FarmPonit