3 de outubro de 2008

Trabalho de valor – Preço mínimo para o coco babaçu



 

O coco babaçu está na lista dos produtos extrativistas que terão preço mínimo estipulado pelo governo. Uma esperança de dias melhores para quem vive da atividade.

No meio do mato, a batida do machado parece uma cantoria. É o trabalho das quebradeiras de coco que começa cedo para dar conta do recado. São, no mínimo, oito horas de trabalho. No fim do dia, o resultado do esforço é pesado na balança da quitanda. Foram seis quilos que custarão R$ 6,00. O quilo é vendido por R$ 1,00.

“Ainda não está com um mês que ele está esse preço. Era R$ 0,80”, disse o comerciante Valdimir Ribeiro.

A quebradeira de coco Maria Celeste Ferreira reclama do preço. “Se eu quebrar seis quilos de coco não dá para levar três quilos de arroz. Então eu compro o arroz e cadê as outras coisas? Preciso do sal, do sabão, do café, do açúcar”, disse.

O babaçu acaba de ser incluído na lista de produtos extrativistas beneficiados pela política de garantia de preços mínimos do governo federal. Com isso, quebradeiras como a dona Maria poderão vender para o governo o babaçu por R$ 1,46, valor bem maior do que o praticado nos comércios do Maranhão.

O babaçu é hoje responsável pelo sustento de cerca de 80 mil quebradeiras em todo o estado do Maranhão. E elas são criativas para tirar o maior proveito da atividade.

As quebradeiras descobriram que do coco babaçu tudo pode ser aproveitado e transformado em fonte de renda.

A casca que sai da quebra vai para o fogo e vira carvão, que é vendido para as guseiras por R$ 7,00 o saco. Bom para a quebradeira de coco Maria Antônia dos Santos que tem dinheiro garantido. “Hoje, já recebo meu dinheiro e já dá para comprar a carne, o peixe, o arroz e o que eu quiser”, falou.

O quebrador de coco Gregório Ferreira aumenta a renda da família com a extração do mesocarpo do babaçu, que, depois de refinado, vai para a merenda escolar. “A extração do mesocarpo me dá uma renda de R$ 400,00 por mês”, contou.

Trinta por cento da amêndoa de babaçu extraída pelas mulheres de Itapecuru-Mirim tem como destino a fábrica de sabonete, uma cooperativa de quebradeiras de coco. A palha da palmeira também é aproveitada. Vira artesanato como peças decorativas e utilitárias.

“Tem companheiras que hoje estão com duas ou três atividades do babaçu. Então, agregou mais valor ao babaçu. É uma diferença muito grande hoje a forma que a gente vê o babaçu e como ele era visto há 20 anos”, explicou Domingas Marques, presidente da Associação dos Quebradores de Coco
do Vale do Itapecuru.

O mesocarpo é uma massa extraída do babaçu, rica em amido e sais minerais, que pode ser usada para alimentação e produção de medicamentos.

 

FONTE: GLOBO RURAL